terça-feira, 22 de março de 2011

Tudo que é iluminado obscurece [ Resumo ]

Leitores, este post refere-se ao resumo do primeiro capítulo do livro " A Saga dos Cães Perdidos". Este capítulo refere-se as três fases que o Jornalismo experenciou ao longo do seu desenvolvimento. 


MARCONDES FILHO, Ciro. A saga dos cães perdidos. São Paulo, Hacker, 2000. 


Cap.1: Tudo que é iluminado obscurece 



Este texto tem o objetivo de detalhar as três fases vivenciadas pelo Jornalismo ao longo de sua trajetória histórica.
 
Traçando um paralelo entre marcos históricos e o Jornalismo, o autor considera o fazer jornalístico como uma conquista da “ ... modernidade dos direitos sociais e humanos ...” p 17.

Sendo assim, o Jornalismo seria a expressão do espírito da modernidade. Ao passo que se via o nascimento da burguesia e a vitórias das democracias , o Jornalismo se encontrava na missão de publicizar informações a respeito das autoridades, criticando e iluminando o povo, que até então estava subordinado ao poder dos monarcas, da Igreja e Universidade. Desta forma, seria importante dizer que o Jornalismo refletia a atmosfera presente nos novos tempos, ensejando lutar contra o espectro do domínio político.

O Segredo Desvelado
O surgimento do Jornalismo está vinculado diretamente a Revolução Francesa e aos desdobramentos ocasionados por ela.

Podemos considerar a luta pelos direitos humanos, preconizada pela Revolução Francesa, a força impulsionadora do Jornalismo, pois a queda do sistema absolutista e o fim das monarquias possibilitaram o desvendar de fatos e acontecimentos, anteriormente escondidos.

A desconstrução do poder da Igreja e da Universidade foram também fatores decisivos para o aparecimento do Jornalismo. A invenção dos tipos móveis colocou em cheque o poder constituído da Igreja e Universidade, gerando uma descentralização desses poderes simbólicos.  “As primeiras publicações começaram a multiplicar o número daqueles a quem era dado conhecer os textos reservados, secretos ou sagrados.” p 18

 E ainda temos a Revolução Protestante , ruindo as bases religiosas , colocando em crise o poder estatal.
Portanto, todas essas transformações ocorridas na sociedade da época proporcionaram uma conquista à informação. O monopólio do saber não estava mais nas mãos do monarca, da Igreja e da Universidade. Agora o conhecimento estava destinado a circular livremente, e o jornalista é o agente responsável descobrir e levar essas informações interessantes a toda sociedade.

“E são os jornalistas que irão abastecer esse mercado; sua atividade será a de procurar, explorar, escavar, vasculhar, virar tudo de pernas para o ar, até mesmo profanar, no interesse da notícia.” p 18
Importante lembrar: é neste contexto que surge o mito da transparência, ideologicamente oriundo do Iluminismo.

O Financiamento pela falência
A primeira fase do Jornalismo foi marcada pelo desejo da “iluminação” . O esclarecimento político e ideológico guiava os recentes jornalistas no seu fazer diário.  Após o desmoronamento de um paradigma de controle, por parte de autoridades políticas, a aspiração que move o Jornalismo é expor, divulgar, nada poderia estar encoberto a partir de agora.

Algo que caracteriza esse momento é a ebulição do jornalismo político- literário. Jornais potencializavam idéias, programas políticos partidários, suas páginas serviam de suporte a revolucionários.
 
Nesta época também, o Jornalismo começou a se profissionalizar. É importante ressaltar a evolução do Jornalismo, que deixa de ser instrumento e passa ter força própria e autônoma.

Fins pedagógicos delineavam estes primeiros jornais, que se interessavam pela formação política da sociedade em detrimento de interesses econômicos . Enfim, esta pode ser considerada característica principal desta etapa do Jornalismo, iniciada por volta de 1789, durando até a metade do século 19.

O gato dos padrões
Os tempos começam a mudar. Podemos observar nesta fase do Jornalismo a influência da sociedade burguesa em desenvolvimento.

Enquanto sentimentos de nacionalismo e socialismo impulsionam os jornais populares, através de campanhas operárias , os donos das empresas jornalísticas começam a agir guiados pela lógica mercantil.
Observamos a partir deste momento as modificações sofridas pelo Jornalismo.

“A atividade que se iniciara com as discussões políticos – literárias aquecidas, emocionais, relativamente anárquicas, começava agora a se construir como grande empresa capitalista: todo o romantismo da primeira fase será substituído por uma máquina de produção de notícias e de lucros como os jornais populares e sensacionalistas.” p 20

E a partir de inovações tecnológicas nos processos de produção do jornal, a empresa jornalística teve que aumentar sua capacidade de autossustentação, começando a investir em publicidades e notícias que agradassem a maior parte do público. Desde então era preciso vender muito para se manter no mercado. Vemos então, o fim de uma era romântica do Jornalismo, o valor pedagógico dá espaço a uma imprensa ligada aos valores mercadológicos.

A imprensa como negócio teve seu surgimento por volta de 1875, na França, Estados Unidos, e Inglaterra. Essa transformação inverteu o valor das notícias, pois agora os espaços destinados a propagandas ganham força e passam a ser prioridade.

“... como se verá até o final do século 20 – é a fazer do jornalismo progressivamente um amontoado de comunicações publicitárias permeado de notícias.” p 21

Enfim, o segundo Jornalismo se caracteriza pelo fim da liberdade política e interesses pedagógicos pela invasão dos fins econômicos .

Informação forte, época fraca
Passemos ao terceiro jornalismo. Nesta fase o autor coloca o Jornalismo em dúvida diante de um pessimismo em relação à continuidade de um movimento que se fez característico da modernidade. Segundo o autor, os tempos mudaram , e entramos em um momento niilista. Seria o fim da modernidade, em face de uma nova era.

Ainda podemos considerar guerras, governos totalitários como fatores que enfraquecem o Jornalismo. Mas o fator mais relevante seria o desenvolvimento da indústria publicitária e das relações públicas que entrariam em disputa com o Jornalismo até descaracterizá
-lo de vez.

Sendo assim, temos como terceiro Jornalismo a crise da profissão, a dúvida de que este movimento possa resistir ás mudanças atuais. 

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