Olá,
Neste post consta um modelo clássico de dissertação. Este exercício foi realizado enquanto fazia a disciplina de Laboratório de Produção Textual. Além da forma, observar o conteúdo seria algo bem relevante. Este é um assunto no qual me interesso. Futuramente postarei outros textos relacionados ao tema.
Aproveite !
Por uma sociedade sem manicômios
Negar a doença mental é um equívoco, mas tratá-la através de recursos opressores e violentos representa uma política de coação à vida. É neste aspecto que se direciona o debate em torno da instituição psiquiátrica brasileira. Práticas e discursos que suprimem a vida social dos internados. Estruturas embasadas em conceitos preconceituosos.
Machado de Assis foi o primeiro a discorrer sobre este assunto, que tem dividido opiniões mundo a fora. “O Alienista” – conto publicado em forma de folhetim entre 1881 e 1882 - coloca em palco a crítica ao paradigma das instituições psiquiátricas no Brasil. Essas discussões permanecem presentes e ganham voz à medida que soluções concretas viabilizam a extinção do sistema manicomial brasileiro.
O movimento nacional pela luta antimanicomial nasceu no final dos anos 70, em meio ao combate contra a ditadura. O movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental denunciou a agressão existente nos hospitais psiquiátricos. E não só os pacientes eram torturados. O abuso recaía sobre subversivos, também internados, nessas instituições.
Ao longo do tempo, na década de 80 este movimento se consolidou, transformando-se em um dos movimentos sociais mais significativos para o país, com o lema “Por uma sociedade sem manicômios”. Sendo assim, conquista-se, no ano de 2001, a aprovação da lei Paulo Delgado, que prevê o fechamento gradativo dos hospitais psiquiátricos até chegarmos à extinção deste sistema desumano.
Segundo Goffmam, em sua obra “Manicômios, Prisões e Conventos”, instituições de confinamento como os hospitais psiquiátricos, geram o processo de “mortificação do eu” e da supressão da “concepção de si”, ao indivíduo internado. Em outras palavras, todo o processo de “desculturamento” sofrido pelo internado, provoca uma sensação de fracasso em relação ao retorno da vida social externa.
Partindo deste pressuposto, o atual sistema psiquiátrico se apresenta incapaz de tratar ou amenizar os sintomas de doenças psíquicas. Além do tormento sofrido pelos pacientes, a própria estrutura da instituição dá origem a indivíduos atomizados socialmente.
O que se pretende com a reforma manicomial não é ignorar os cuidados médicos aos portadores de doenças mentais, muito menos, negar a doença mental em si. Mas romper com estigmas perpetrados pelas instituições psiquiátricas, e repensar estratégias médicas que não excluam o suposto louco.
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