quarta-feira, 30 de março de 2011

Marina Silva alcança quase 20% dos votos válidos nas Eleições 2010 [ Pauta Jornalística]


Bom, nesta pauta surgiu a ideia de montar este Blog Acadêmico para você !

Ao vasculhar o Google em busca de um modelo de pauta, não encontrei nada que me servisse de verdade. Então passei pra frente do PC e segui este modelo abaixo, passado pela professora da disciplina de Redação Jornalística, na qual tive que entregar este exercício da pauta. 

Então, talvez não seja a melhor pauta, e com certeza não é.  Foi a minha 1ª, mas poderá te auxiliar. 

Em breve postarei mais pautas, notícias e reportagens. Aguardem !

Agora, aproveite !


Pauta Jornalística

Editoria: Política

Assunto: Marina Silva alcança quase 20% dos votos válidos nas Eleições 2010.

Dados Principais

O quê? Desempenho da candidata Marina Silva além do previsto pelas pesquisas de opinião
Quem? Marina Silva
Quando? 03 de outubro - Eleições 2010
Onde? Território Brasileiro
Como? Através de uma campanha centrada em questões ambientais e morais
Porque? Este é um assunto relevante ao eleitorado brasileiro, sobretudo àqueles que votaram na candidata Marina Silva. O expressivo percentual de votação obtido por Marina Silva demonstra o quanto pesquisas de opinião indicam apenas uma previsão da realidade.

Contextualização
Marina Silva é candidata a presidência pelo Partido Verde (PV). E pela primeira vez concorre a um cargo de tamanha importância.
Ao levantar a bandeira da sustentabilidade, a candidata, desde o início de sua aparição nas eleições 2010, aparece como fraca concorrente na corrida presidencial. Mas chegando a reta final de sua campanha, questões de cunho ético-moral, levaram a ambientalista à conquista de segmentos sociais bem variados, a saber: universitários, intelectuais e religiosos de classe média baixa.
Sendo assim, Marina Silva chega ao fim das eleições (1º turno) com o alcance de quase 20% dos votos válidos, contrariando as previsões feitas pelas pesquisas de opinião.

Enfoque
ü  Demonstrar a expressão do percentual alcançado pela candidata Marina Silva, se comparado com as intenções de votos , disponibilizadas pelas pesquisas de opinião.


Objetivos
ü  A matéria pretende demonstrar a força política da candidata Marina Silva, mesmo em face de previsões que indicavam seu fraco desempenho na corrida presidencial.
ü  Explicitar o surgimento de um eleitorado interessado em novas formas de pensar o fazer político no Brasil.
ü  Atender o interesse desse novo eleitorado
ü  Desmistificar a visão de que apenas candidatos ligados a partidos tradicionais da política brasileira possuem grande poder de influência e alcance.

Fontes
ü     IBOPE, TSE.
ü  Cientista Político. Entrevistar o Prof. Carlos Alberto Claudino Silva, mais conhecido como Claudino. O professor leciona na UFMA – Imperatriz, e poderá ser encontrado nos turnos da manhã e tarde. Email para contato: caclaudino@hotmail.com
Ao entrevistar o Prof. Claudino seja rápido e sucinto, pois é bem provável que o mesmo não goste de entrevistas longas e cansativas.
ü  Entrevistar pessoas que votaram em Marina Silva. Localizar essas pessoas em ambientes como Calçadão , Beira Rio, Mercadinho. Focar em pessoas de diversos segmentos sociais, possibilitando a diversidade de opiniões e motivos por parte desse eleitorado.

Imagens
ü  Inserir imagem da candidata Marina Silva. Uma foto que a candidata esteja sorrindo, e com braços erguidos, para que transpareça uma postura de vitória.

Possíveis perguntas * Perguntas destinadas ao repórter
ü  Quais foram os reais motivos que levaram Marina Silva a um desempenho melhor que o esperado?
ü  Como a internet colaborou para a popularização do nome da candidata em diversos segmentos sociais?
ü  Questões como aborto, legalização da maconha e casamento homossexual circundaram a campanha da candidata Marina Silva. Se não houvesse polêmica em torno destes aspectos ético-morais, a candidata realmente obteria um percentual de cerca de 20% dos votos válidos?
ü  Marina Silva representou alguma mudança para o destino da política brasileira ao unir em um mesmo eleitorado: universitários, intelectuais e religiosos de classe média baixa?

Sugestões de perguntas para o Cientista Político:
ü  O nome da candidata Marina Silva nas Eleições 2010, sobretudo o percentual obtido por ela, representa alguma mudança no cenário da política brasileira?
ü  Quais seriam os fatores que levaram a candidata a obter um desempenho melhor que o esperado pelas pesquisas de opinião?
ü  Como o Sr. avalia o eleitorado formado durante a campanha de Marina Silva ?
ü  A partir da candidatura de Marina Silva, questões como a sustentabilidade, entraram de vez para o rol dos assuntos constantemente debatidos na política brasileira?
ü  Como Sr. analisa o vulto criado em torno de temas polêmicos, como o aborto, casamento homossexual e legalização de drogas?

Sugestões de perguntas para as pessoas que votaram em Marina Silva:
ü  Antes da candidatura de Marina Silva, você já conhecia, ou tinha ouvido falar da candidata?
ü  Quais foram os motivos que te levaram a votar em Marina Silva?
ü  Você participou de algum movimento pela internet em que o nome da candidata estava vinculado?
ü  Você considera o percentual obtido por Marina Silva nas Eleições 2010 (cerca de 20%), um indicativo de mudança na política brasileira?

Observações
ü  Comparar pesquisas anteriores com o resultado obtido pela candidata.
ü  Verificar em quais segmentos Marina Silva impetrou maior adesão.
ü  Escrever uma matéria de no máximo 1 lauda.





Como se forma a opinião pública?

Olá, Leitores!

Segue um texto a respeito de Opinião Pública. Este texto foi embasado em uma série de discussões durante a Disciplina de Comunicação e Realidade Brasileira. 

Aproveite !


Como se forma a opinião pública?

Desde a Grécia antiga existe uma ideia ao que diz respeito à opinião pública. Uma multidão de cidadãos reunidos em torno de um orador, na chamada Ágora, decidia questões importantes para o convívio social. Podemos ainda identificar o conceito de opinião pública nos movimentos libertários do século XVIII, quando uma mobilização social transformou a forma de poder público, com o fim da monarquia. Porém, com o surgimento da sociedade em massas, a formação da opinião pública tornou-se questão polêmica, pois neste momento a presença da mídia se torna grande alvo de críticas.
Obviamente os meios de comunicação de massa modificaram a relação que a sociedade possui com o mundo. Na velocidade em que as informações circulam, quase todo tipo de assunto se faz presente em discussões cotidianas.  Mas a grande interrogação quando se observa a relação mídia – opinião pública, é se realmente os medias têm formado a opinião pública.
A opinião pública nasce de uma relação dialógica entre os cidadãos e os acontecimentos que os cercam. A partir de interações simbólicas entre a sociedade e os vários aspectos da mesma, se tem a opinião pública.  Não somente a mídia, mas outros fatores , como a cultura, influenciam na formação de opinião entre a sociedade.
É preciso observar a mídia como um sistema inserido na própria sociedade, e não como algo externo a ela, acima do bem e do mal. A cultura midiática se origina de traços da realidade concreta, criando estereótipos ao resumir situações, tendo em vista apenas algumas características. Esses estereótipos por sua vez dão origem a comportamentos observados no seio da sociedade. Este ciclo caracteriza o funcionamento da mídia, e por esta razão a própria não pode ser considerada como ditadora, muito menos, como formadora da opinião pública.
Enfim, a mídia, a economia, a política, a cultura como um todo, são elementos extremamente relevantes para o processo de decodificação de mensagens que faz parte da formação da opinião pública.


terça-feira, 22 de março de 2011

Tudo que é iluminado obscurece [ Resumo ]

Leitores, este post refere-se ao resumo do primeiro capítulo do livro " A Saga dos Cães Perdidos". Este capítulo refere-se as três fases que o Jornalismo experenciou ao longo do seu desenvolvimento. 


MARCONDES FILHO, Ciro. A saga dos cães perdidos. São Paulo, Hacker, 2000. 


Cap.1: Tudo que é iluminado obscurece 



Este texto tem o objetivo de detalhar as três fases vivenciadas pelo Jornalismo ao longo de sua trajetória histórica.
 
Traçando um paralelo entre marcos históricos e o Jornalismo, o autor considera o fazer jornalístico como uma conquista da “ ... modernidade dos direitos sociais e humanos ...” p 17.

Sendo assim, o Jornalismo seria a expressão do espírito da modernidade. Ao passo que se via o nascimento da burguesia e a vitórias das democracias , o Jornalismo se encontrava na missão de publicizar informações a respeito das autoridades, criticando e iluminando o povo, que até então estava subordinado ao poder dos monarcas, da Igreja e Universidade. Desta forma, seria importante dizer que o Jornalismo refletia a atmosfera presente nos novos tempos, ensejando lutar contra o espectro do domínio político.

O Segredo Desvelado
O surgimento do Jornalismo está vinculado diretamente a Revolução Francesa e aos desdobramentos ocasionados por ela.

Podemos considerar a luta pelos direitos humanos, preconizada pela Revolução Francesa, a força impulsionadora do Jornalismo, pois a queda do sistema absolutista e o fim das monarquias possibilitaram o desvendar de fatos e acontecimentos, anteriormente escondidos.

A desconstrução do poder da Igreja e da Universidade foram também fatores decisivos para o aparecimento do Jornalismo. A invenção dos tipos móveis colocou em cheque o poder constituído da Igreja e Universidade, gerando uma descentralização desses poderes simbólicos.  “As primeiras publicações começaram a multiplicar o número daqueles a quem era dado conhecer os textos reservados, secretos ou sagrados.” p 18

 E ainda temos a Revolução Protestante , ruindo as bases religiosas , colocando em crise o poder estatal.
Portanto, todas essas transformações ocorridas na sociedade da época proporcionaram uma conquista à informação. O monopólio do saber não estava mais nas mãos do monarca, da Igreja e da Universidade. Agora o conhecimento estava destinado a circular livremente, e o jornalista é o agente responsável descobrir e levar essas informações interessantes a toda sociedade.

“E são os jornalistas que irão abastecer esse mercado; sua atividade será a de procurar, explorar, escavar, vasculhar, virar tudo de pernas para o ar, até mesmo profanar, no interesse da notícia.” p 18
Importante lembrar: é neste contexto que surge o mito da transparência, ideologicamente oriundo do Iluminismo.

O Financiamento pela falência
A primeira fase do Jornalismo foi marcada pelo desejo da “iluminação” . O esclarecimento político e ideológico guiava os recentes jornalistas no seu fazer diário.  Após o desmoronamento de um paradigma de controle, por parte de autoridades políticas, a aspiração que move o Jornalismo é expor, divulgar, nada poderia estar encoberto a partir de agora.

Algo que caracteriza esse momento é a ebulição do jornalismo político- literário. Jornais potencializavam idéias, programas políticos partidários, suas páginas serviam de suporte a revolucionários.
 
Nesta época também, o Jornalismo começou a se profissionalizar. É importante ressaltar a evolução do Jornalismo, que deixa de ser instrumento e passa ter força própria e autônoma.

Fins pedagógicos delineavam estes primeiros jornais, que se interessavam pela formação política da sociedade em detrimento de interesses econômicos . Enfim, esta pode ser considerada característica principal desta etapa do Jornalismo, iniciada por volta de 1789, durando até a metade do século 19.

O gato dos padrões
Os tempos começam a mudar. Podemos observar nesta fase do Jornalismo a influência da sociedade burguesa em desenvolvimento.

Enquanto sentimentos de nacionalismo e socialismo impulsionam os jornais populares, através de campanhas operárias , os donos das empresas jornalísticas começam a agir guiados pela lógica mercantil.
Observamos a partir deste momento as modificações sofridas pelo Jornalismo.

“A atividade que se iniciara com as discussões políticos – literárias aquecidas, emocionais, relativamente anárquicas, começava agora a se construir como grande empresa capitalista: todo o romantismo da primeira fase será substituído por uma máquina de produção de notícias e de lucros como os jornais populares e sensacionalistas.” p 20

E a partir de inovações tecnológicas nos processos de produção do jornal, a empresa jornalística teve que aumentar sua capacidade de autossustentação, começando a investir em publicidades e notícias que agradassem a maior parte do público. Desde então era preciso vender muito para se manter no mercado. Vemos então, o fim de uma era romântica do Jornalismo, o valor pedagógico dá espaço a uma imprensa ligada aos valores mercadológicos.

A imprensa como negócio teve seu surgimento por volta de 1875, na França, Estados Unidos, e Inglaterra. Essa transformação inverteu o valor das notícias, pois agora os espaços destinados a propagandas ganham força e passam a ser prioridade.

“... como se verá até o final do século 20 – é a fazer do jornalismo progressivamente um amontoado de comunicações publicitárias permeado de notícias.” p 21

Enfim, o segundo Jornalismo se caracteriza pelo fim da liberdade política e interesses pedagógicos pela invasão dos fins econômicos .

Informação forte, época fraca
Passemos ao terceiro jornalismo. Nesta fase o autor coloca o Jornalismo em dúvida diante de um pessimismo em relação à continuidade de um movimento que se fez característico da modernidade. Segundo o autor, os tempos mudaram , e entramos em um momento niilista. Seria o fim da modernidade, em face de uma nova era.

Ainda podemos considerar guerras, governos totalitários como fatores que enfraquecem o Jornalismo. Mas o fator mais relevante seria o desenvolvimento da indústria publicitária e das relações públicas que entrariam em disputa com o Jornalismo até descaracterizá
-lo de vez.

Sendo assim, temos como terceiro Jornalismo a crise da profissão, a dúvida de que este movimento possa resistir ás mudanças atuais. 

Por que noticias são como são? Construindo uma teoria da notícia [ Resumo]


Olá, 

Segue um post a respeito de uma teoria da notícia desenvolvida por Jorge Pedro Sousa. 

Quem é Jorge Pedro Sousa?
Nascido em 1967, é professor e pesquisador de jornalismo na Universidade Fernando Pessoa (Porto, Portugal). As suas linhas de pesquisa englobam a teoria e história do jornalismo e a análise do discurso jornalístico impresso. Tem vários livros publicados, sendo o mais conhecido Uma História Crítica do Fotojornalismo Ocidental. O seu livro mais recente (2007) intitula-se A Génese do Jornalismo Lusófono e as Relações de Manuel Severim de Faria. A sua ideia mais notória é a de que toda a notícia, ou seja, todo o enunciado jornalístico é um dispositivo que resulta da interacção de várias forças, ou factores, cada um deles com peso variável no resultado final: 1) Acção pessoal de jornalistasfontes de informação e outros agentes; 2) Rotinas produtivas; 3) Constrangimentos sociais organizacionais, como a hierarquia e o funcionamento da organização jornalística, a linha editorial, os recursos organizacionais e outros; 4) Constrangimentos sociais extra-organizacionais, como omercado; 5) Ideologia(s) e cultura; 6) História; e 7) Outras forças, como os limites e possibilidades dos dispositivos tecnológicos usados na elaboração da notícia. Abstractamente, essa ideia pode traduzir-se numa equação em que a notícia surge como o resultado (produto) da multiplicação (interacção) de vários factores, cada um deles antecedido por uma variável que traduz, precisamente, o peso variável de cada um desses factores no resultado "notícia".
                                                                                                                   Fonte: Wikipédia 

Resumo do Artigo: Por que noticias são como são? Construindo uma teoria da notícia de Jorge Pedro Sousa

O presente artigo tem como objetivo revelar o surgimento de uma nova teoria da notícia, fundamentando-se em outras teorias existentes, mas trazendo à tona aspectos esquecidos por tais teorias .

Sousa parte do princípio de que a notícia refere-se a toda produção jornalística, e que já existe matéria prima o suficiente para se edificar uma teoria consistente da notícia. Desta forma, o referido texto se propõe a responder  três perguntas: “Por que é que as notícias são como são (e não são de outra maneira)?” “Por que temos as notícias que temos (e não temos outras notícias)?” “Como circula a notícia e que efeitos gera?”.
Partindo das discussões a respeito da cientificidade da área das Ciências Sociais, Sousa compreende que para as ciências da comunicação se tornar de fato ciência, devem abandonar a reflexão filosófica enquanto metodologia, e adotar uma postura eminentemente científica.

Para ele uma teoria científica do jornalismo deve procurar integrar diversos aspectos do fenômeno jornalístico, enfatizando o resultado do processo de produção da notícia. Contudo, uma teoria do jornalismo , como qualquer outra teoria científica , estaria aberta a intervenções assim que algum fenômeno não previsto por ela a contradissesse.

Reforçando o seu ponto de vista, o autor retoma a ideia de que uma teoria do jornalismo deve ser vista essencialmente como uma teoria da notícia, já que a notícia é o resultado pretendido do processo jornalístico de produção de informação. Sendo assim, ele expõe a sua definição de notícia para que a compreensão do que havia sido dito anteriormente seja a mais clara possível.

Notícia: “artefato lingüístico, que representa determinados aspectos da realidade, resulta de um processo de construção onde interagem fatores de natureza pessoal, social, ideológica, histórica e do meio físico e tecnológico, é difundida por meios jornalísticos e comporta informações com sentido compreensível num determinado momento histórico e num determinado meio sócio-cultural, embora a atribuição última de sentido dependa do consumidor da notícia.” (Sousa , 2000;2002)

Diante do conceito de notícia desenvolvido por Sousa torna-se evidente a sua preocupação com os diversos fatores envolvidos na produção noticiosa, sem contar a relevância dada por ele, a todos estes fatores.

Outra observação interessante seria o fato de Sousa fundamentar-se no pressuposto de que a notícia é a representação da realidade, a partir da captação da realidade objetiva expressa através da linguagem.

Deste modo, a sua teoria da notícia apropria-se destes valores, e avança em uma nova perspectiva para se construir uma teoria que abarque a multiplicidade de aspectos envolvidos na produção, circulação e consumo da notícia.

Sousa se utiliza das teorias divisionistas e unionistas da notícia, se aproveitando dos pontos de interseção entre elas para elaborar uma explicação completa a respeito da notícia. Considerando as várias correntes da tendência divisionista, a saber: teoria do espelho, teoria da ação pessoal, teoria organizacional, teoria da ação política, teoria estruturalista, teoria construcionista, teoria interacionista, Sousa considera possível tecer uma teia explicativa global para as notícias, e pontua : é uma questão de sistematizar esses dados.

Paralela a esta consideração, Sousa aborda os pontos fundamentais desenvolvidos por autores pertencentes à tendência unionista para a explicação da notícia. Entre eles estão Schudson e Shoemaker e Reese.

Para arrematar a sua consideração, tendo em vista a interação entre às tendências divisionistas e tendências unionistas, Sousa se expressa através da Traquina ( 2001; 2002) : “é possível perceber que numa coisa os estudiosos do jornalismo estão de acordo: os resultados das pesquisas colocam em evidência que factores de natureza pessoal, social (organizacional e extraorganizacional), ideológica e cultural informam e constrangem as notícias. Uma teoria unificada do jornalismo tem de partir desses pratimónio comum de conhecimento.”

Partindo de aportes teóricos desenvolvidos por outros autores, principalmente Shoemaker e Reese (1991; 1996) e Scudson ( 1998), Sousa propõe uma teoria unificada da notícia que ultrapasse as deficiências identificadas em tais modelos.

Sendo assim, para Sousa, a notícia é o resultado da interação simultaneamente histórica e presente de forças de matriz pessoal, social (organizacional e extra – organizacional), ideológica, cultural, e do meio físico e dos dispositivos tecnológicos, tendo efeitos cognitivos e comportamentais sobre as pessoas, o que por sua vez produz efeitos de mudança ou permanência e de formação de referências sobre as sociedades , as culturas e as civilizações

quarta-feira, 16 de março de 2011

Fugir de Casa [ Crônica ]

Desta vez irei postar algo mais descontraído, pra aliviar o ambiente. Esta é uma crônica é de uma colunista do Jornal Zero Hora. Anteriormente trabalhando com Publicidade, se descobriu poeta durante uma viagem ao Chile. Martha Medeiros faz um trabalho bem legal, no qual tomei conhecimento através do livro de crônicas " Coisas da Vida ". Já digo logo, ela é um estilo bem mulherzinha, talvez por isso goste tanto. Então é isso!

Fique a vontade :)


Fugir de Casa

Qual é a criança que nunca sonhou em fugir de casa? Todo mundo tem uma experiência pra contar. A minha aconteceu quando eu tinha uns sete anos de idade. Depois de ter minhas reivindicações não aceitas – provavelmente eu queria um quarto só pra mim e não precisar mais escovar os dentes – preparei uma mochila e disse “vou-me embora”. Tchau, me responderam.

O quê??? Então é assim? Abri a porta do apartamento, desci um lance de escada e ganhei a rua. Fingi que não vi minha mãe me espiando lá da sacada. Fui caminhando em direção à esquina, torcendo para que viessem me resgatar, mas nada. Olhei para trás. Minha mãe deu um abaninho. Grrrr, ela vai ver só. Apressei o passo. Dobrei a esquina, sumi de vista, e claro, entrei em pânico. Pra onde ir? Antes de resolver entre pedir asilo numa embaixada ou tentar a vida numa casa de tolerância, minha mãe já estava me pegando pelo braço e dizendo que a brincadeira havida acabado. Fiquei aliviada, por um lado, mas a ideia de fugir ainda me ocorreria muitas vezes.

O desafio agora seria elaborar um plano mais realizável, pois estava aprovado que , sim, eu queria escapar, mas ao mesmo tempo queria ficar. O mundo lá fora era libertador, mas também apavorante. Eu estava numa encruzilhada : queria ser quem eu era, e ser quem eu não era. Qual saída? Ora, escrever.

Um plano perfeito. De banho tomado, camisola quentinha e com os dentes escovados, eu pegava papel e caneta antes de dormir e inventava uma garota totalmente diferente de mim, e que não deixava de ser eu. Fugia todas as noites sem que ninguém corresse atrás de mim pra me trazer de volta. Ia para onde bem queria sem sair do lugar.

Viva as válvulas de escape, que lamentavelmente não gozavam de boa reputação. Não sei quem inventou que é preciso ser a gente mesmo o tempo todo, que não se pode diversificar. Se fosse assim, não existiria o teatro, o cinema, a música, a escultura, a pintura, tudo o que possibilita novas formas de expressão além do script que a sociedade nos intimida a seguir: nascer – estudar – casar – ter filhos – trabalhar – e – morrer. Esse enredo até que tem partes boas, mas o final é dramático demais.

Overdose de realidade é a ruína do ser humano. Há que se ter uma janela, uma porta, uma escada para o imaginário, para o idílico – ou para o tormento, que seja. Ninguém é uma coisa só, ninguém é tão único, tão encerrado em si próprio, tão refém do que lhe foi ensinado. Desde cedo fica evidente que nosso potencial é múltiplo. Como segurar a onda? Fugindo de casa, mas fugindo com sabedoria ,sem droga, através do espetáculo da criação, mesmo que sejamos nossa única platéia. Cada um de nós tem obrigação de buscar uma maneira menos burocrática de existir.

O Narrador – Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov [ Resenha]

Olá,
Esta é uma resenha do ensaio de Walter Benjamin a respeito da obra de Nikolai Leskov. Benjamin, pertencente à escola de Frankfurt, teorizou a respeito da Comunicação Social, e nos deixou grandes questões para pensarmos o Jornalismo atual. 

Até a próxima,


O Narrador – Considerações sobre a obra de Nikolai Leskov

Walter Benjamin inicia o referido texto ao afirmar a extinção da narrativa. 
“É a experiência de que a arte de narrar está em vias de extinção.” p 197.
Ao longo do discurso o autor elenca dois fatores fundamentais para que esta extinção se torne cada vez mais latente: O Romance e a Informação. 

Novamente observamos a visão pessimista de Benjamim ao se referir à tecnologia dos meios de comunicação. Ao relembramos o seu famoso texto “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, observamos o quanto Benjamin se opõe a técnica.  Técnica esta, que é grande responsável pela produção e divulgação de informações, antes destinadas somente a uma parcela da sociedade.

Benjamin ao comparar a narrativa ao ato de dar conselhos conclui que o lado épico da verdade está em extinção devido à evolução das forças produtivas.

“Na realidade, esse processo, que expulsa gradualmente a narrativa da esfera do discurso vivo e ao mesmo tempo dá uma nova beleza ao que está desaparecendo, tem se devolvido concomitantemente com toda evolução secular das forças produtivas”. p 201
Portanto é possível perceber claramente a posição de Benjamim no que diz respeito à recém surgida imprensa. Ao estabelecer o aparecimento do livro como um dos fatores essenciais para morte da narrativa subtende-se a crítica do autor direcionada à burguesia crescente, que se tornou terreno fértil para o desenvolvimento do Romance.

Dentre outros pontos, o elemento que realmente distingue o Romance da Narrativa é forma de produção. No Romance existe o isolamento por parte do escritor, já a Narrativa é um processo coletivo de produção, por envolver o narrador e os seus relatos.

“A origem do Romance é o indivíduo isolado, que não pode mais falar exemplarmente sobre suas preocupações mais importantes e que não recebe conselhos nem sabe dá-los.”p201
Outro aspecto importante do mencionado ensaio, seria a abordagem do conceito de Informação.

“Ela é tão estranha à narrativa como o romance, mas é mais ameaçadora e, de resto, provoca uma crise no próprio romance. Essa nova forma de comunicação é a informação.” p. 202
Benjamim responsabiliza a informação como o ponto derradeiro para a morte da narrativa.  
“Se a arte de narrativa é hoje rara, a difusão da informação é decisivamente responsável por esse declínio.” p 203
Mas apesar de todo ceticismo em relação à eficácia do surgimento da imprensa , Benjamin deixa lições essenciais para o Jornalismo atual.

Ao comparar a narrativa que Benjamim cita, como na redação jornalística presente, percebe- se a falta de “histórias surpreendentes”.  O jornalismo gira em torno dos fatos já acompanhados de explicações. 
“Em outras palavras: quase nada do que acontece está a serviço da narrativa, e quase tudo está a serviço da informação.”p 203
Os anônimos que anteriormente eram contados através da narrativa , perderam força. O jornalismo altamente consumível se faz presente. E como o próprio Benjamim diz: “A informação só tem valor no momento em que é nova.” p 204

O que se pretende não é de forma alguma a exclusão da informação do Jornalismo, mas sim a maior inserção de histórias do povo. Como o próprio conceito de narrativa exposto no texto, a produção e memória coletiva é algo fundamental. A tradição da oralidade observada na narrativa é primordial para transmissão de experiências cotidianas. E é desta forma que teremos um Jornalismo mais humanizado, mais próximo das pessoas.




sexta-feira, 11 de março de 2011

Uma pequena nota a respeito de Folkcomunicação

Olá,


Leitor, esse texto aborda de uma forma resumida a origem e o conceito da metodologia folkcomunicacional.


Aproveite!


Metodologia Folkcomunicacional

Diante de uma sociedade repleta de fenômenos comunicacionais, Luis Beltrão foi o precursor no estudo da comunicação popular. Para compreendermos as pesquisas que foram realizadas neste campo, o da folkcomunicação, iremos adotar um conceito inicial: “comunicação por meio do folclore, a comunicação em nível popular, que se refere ao povo e não se utiliza dos meios formais de comunicação” (CASTELO BRANCO, Samanta, 2010, p 110) Em outras palavras, a folkcomunicação centra o seu estudo nas formas simbólicas geradas a partir da linguagem popular, que por sua vez , resignifica as mensagens veiculadas pela Indústria Cultural.
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Como foi exposto anteriormente, Luis Beltrão criou a metodologia folkcomunicacional. E a primeira menção feita ao tema se realizou através de um artigo publicado no primeiro número da Revista Comunicação e Problemas (ano I, nº 1, mar, 1965). Neste artigo Beltrão volta o seu olhar para linguagem popular e folclórica na qual os grupos periféricos se comunicam e se expressam.

Paralelamente à publicação deste artigo, Beltrão estuda os ex- votos, observando a disseminação de informações através de autos populares, característicos do próprio povo.

Apesar das primeiras pesquisas realizadas, o conceito de folkcomunicação ganha ênfase a partir da tese de doutorado de Luis Beltrão (1967, Universidade de Brasília). Sua tese se fundamentou em dois aspectos essenciais da comunicação popular: manifestações folclóricas e os líderes de opinião. Deste aprofundamento surge uma definição mais apropriada de folkcomunicação: “o processo de intercâmbio de informações e manifestações de opiniões, idéias e atitudes da massa, através de agentes e meios ligados direta ou indiretamente ao folclore” (BELTRÃO, 2001, p 79)

Com o avanço dos estudos e pesquisas, em 1980, Beltrão adota uma postura política ao enfatizar a questão da comunicação entre grupos sem acesso aos meios de massa em sua importante obra “Folkcomunicação: a comunicação dos marginalizados”.

Atualmente percebemos o quanto a definição de folkcomunicação se desenvolveu. Após muitos anos de reflexão, nomes como os de Roberto Benjamim, Joseph Luyten e Antonio Hohlfeldt, reelaboraram o conceito inicial, e fizeram este abarcar uma série de outras relações ligadas ao objeto da comunicação popular. Podemos observar que a maior parte das pesquisas , hoje em dia, realizadas nesta área aborda o “caminho inverso”.  De como a linguagem popular tem sido influenciada pela Indústria Cultural e como esta tem se apropriado de produtos originalmente populares.

Desta forma, a folkcomunicação poderia ser entendida como o “estudo dos procedimentos comunicacionais pelos quais as manifestações da cultura popular ou do folclore se expandem, se socializam, convivem com outras cadeias comunicacionais, sofrendo modificações por influência da comunicação massificada e industrializada, ou se de modificam quando apropriada por tais complexos. ( HOHLFELDT, 2002)

Por fim, consideramos a importância da metodologia folkcomunicacional, que trouxe à tona um olhar voltado a compreensão dos processos comunicacionais ocorridos nos grupos marginais à Indústria Cultural. Estudar estes fenômenos valoriza a cultura popular enquanto arte emanada do próprio povo, sujeito de si mesmo. Perceber a existência das várias redes comunicacionais que permeiam a sociedade acrescentam novos valores às pesquisas no campo da comunicação social e abrem novas perspectivas de análise.

Não poderíamos deixar de mencionar, também, algumas questões fundamentais que são levantadas contemporaneamente a respeito da cultura. A eminência do fim das culturas populares, que passaram a se glamourizar, devido sua inserção na Indústria Cultural, torna-se aspecto relevante às pesquisas atuais na área da folkcomunicação. Daí conclui-se que os estudos preconizados por Luis Beltrão são valiosos para pesquisa em comunicação.

sábado, 5 de março de 2011

Por uma sociedade sem manicômios [Dissertação]

Olá,

Neste post consta um modelo clássico de dissertação. Este exercício foi realizado enquanto fazia a disciplina de Laboratório de Produção Textual. Além da forma, observar o conteúdo seria algo bem relevante. Este é um assunto no qual me interesso. Futuramente postarei outros textos relacionados ao tema. 
Aproveite ! 
Por uma sociedade sem manicômios

Negar a doença mental é um equívoco, mas tratá-la através de recursos opressores e violentos representa uma política de coação à vida. É neste aspecto que se direciona o debate em torno da instituição psiquiátrica brasileira. Práticas e discursos que suprimem a vida social dos internados. Estruturas embasadas em conceitos preconceituosos.

Machado de Assis foi o primeiro a discorrer sobre este assunto, que tem dividido opiniões mundo a fora. “O Alienista” – conto publicado em forma de folhetim entre 1881 e 1882 - coloca em palco a crítica ao paradigma das instituições psiquiátricas no Brasil. Essas discussões permanecem presentes e ganham voz à medida que soluções concretas viabilizam a extinção do sistema manicomial brasileiro.

O movimento nacional pela luta antimanicomial nasceu no final dos anos 70, em meio ao combate contra a ditadura. O movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental denunciou a agressão existente nos hospitais psiquiátricos. E não só os pacientes eram torturados. O abuso recaía sobre subversivos, também internados, nessas instituições.

Ao longo do tempo, na década de 80 este movimento se consolidou, transformando-se em um dos movimentos sociais mais significativos para o país, com o lema “Por uma sociedade sem manicômios”. Sendo assim, conquista-se, no ano de 2001, a aprovação da lei Paulo Delgado, que prevê o fechamento gradativo dos hospitais psiquiátricos até chegarmos à extinção deste sistema desumano.

Segundo Goffmam, em sua obra “Manicômios, Prisões e Conventos”, instituições de confinamento como os hospitais psiquiátricos, geram o processo de “mortificação do eu” e da supressão da “concepção de si”, ao indivíduo internado.  Em outras palavras, todo o processo de “desculturamento” sofrido pelo internado, provoca uma sensação de fracasso em relação ao retorno da vida social externa.

Partindo deste pressuposto, o atual sistema psiquiátrico se apresenta incapaz de tratar ou amenizar os sintomas de doenças psíquicas.  Além do tormento sofrido pelos pacientes, a própria estrutura da instituição dá origem a indivíduos atomizados socialmente.

O que se pretende com a reforma manicomial não é ignorar os cuidados médicos aos portadores de doenças mentais, muito menos, negar a doença mental em si. Mas romper com estigmas perpetrados pelas instituições psiquiátricas, e repensar estratégias médicas que não excluam o suposto louco.









quinta-feira, 3 de março de 2011

O quarto iconoclasmo [ Resumo]



Olá,


Baseado no livro: " O Quarto Iconoclasmo E Outros Ensaios Hereges" de Arlindo Machado, o texto a seguir trata introdutoriamente dos ciclos vividos pela imagem ao longo do tempo. Acrescenta-lhe a esta breve apresentação, a atual fase da imagem, denominada: O quarto iconoclasmo. Teóricos com Jean Baudrillard, consideram, sobretudo, a imagem midiática, como simulacros da realidade. E você, qual é a sua posição a respeito desta discussão? Em tempos do mais alto desenvolvimento tecnológico, a imagem tem preponderado sobre a palavra, ou estes avanços incentivam a produção de conteúdos relacionados à palavra? 




O quarto iconoclasmo

O texto aborda quatro fases da imagem. Seriam essas fases, iconoclasmos, determinados por diferentes fatores em épocas distintas.

A primeira onda iconoclástica surgiu em meio às culturas judaico cristãs e islâmica e na tradição filosófica grega. O fato que marca este momento são passagens bíblicas que declaram expressamente a proibição ao uso das imagens. Pois a imagem naquela época era associada à prática da idolatria. E não somente na Bíblica, mas na Torá e no Corão existem passagens semelhantes, que condenam a representação de Deus por meio de imagens. E ao se tratar da Grécia antiga, tomamos por exemplo o pensamento platônico a respeito das imagens. Para Platão as imagens são meras representações daquilo que já está representado no mundo das coisas, pois para ele a realidade concreta pertencia somente ao mundo das idéias.

A seguir relataremos brevemente os próximos ciclos do iconoclasmo. O segundo ciclo ocorreu durante o Império Bizantino durante os séculos VIII e IX. Neste período o iconoclasmo foi proclamado doutrina oficial do governo. Já a terceira fase ocorreu no século XVI, com a Reforma Protestante. Esta se empenhou no retorno as escrituras sagradas, conseqüentemente, crucificando toda idolatria as imagens.
Logo, é possível perceber como os três referidos ciclos se fundamentam na superioridade irrestrita da palavra. Em linhas gerais, poderíamos concluir que estes movimentos representam o culto ao livro, a palavra: literolatria.

Neste momento, passemos a análise do chamado “quarto iconoclasmo”. O tempo em que vivemos passa por certa crise em relação à imagem. A evolução da tecnologia vinculada aos meios de comunicação gerou, o que muitos teóricos denominam como, “a sociedade do espetáculo”.  A crença de que a imagem promove a morte da palavra, erradica o gosto pela leitura e anuncia um novo analfabetismo, premissa básica para muitas argumentações.
 
Jean Baudrillard é uma destes teóricos. Líder espiritual da nova investida iconoclasma – discursa contra a imagem, sobretudo a imagem midiática. Ele crê que as mídias eletrônicas e digitais produzem uma “desrealidade fatal” do mundo humano, uma ficção da realidade.  Baudrillard , dentre outros, tem uma visão apocalíptica da imagem.

Mas ao contrário deles , o autor do mencionado texto, considera a imagem como produto da própria palavra. E enfatiza que a era atual se baseia na hegemonia da palavra escrita e oral ao observar que em nenhuma época se produziu tanto conteúdo relacionado à palavra.