segunda-feira, 9 de maio de 2011

Análise do Discurso - Eni Orlandini - Caps 1 e 2 [ Resumo]


Olá leitor, por hora sem muita inspiração para escrever, nem tempo, deixo este post a respeito do tópico essencial da disciplina de Teoria do Discurso. É um resumo dos capítulos 1 e 2 do livro " Análise de Discurso" de Eni Orlandini. 

Provavelmente algum dia você poderá precisar disso, nem que seja para analisar o discurso do novo comercial  da Bombril, estreado por Dani Calabresa.

* Ok, o comercial não é tão novo assim :D

Aproveite ;)


Resumo dos capítulos 1 e 2 do livro “Análise de Discurso”.

Capítulo 1 - O Discurso

Existem muitas formas de estudo da linguagem, a saber: a língua enquanto sistema de signos, ou como sistema de regras formais - Lingüística - ou como norma de bem dizer, a exemplo da gramática. Portanto, devido a uma série de significados que a língua possui, estudiosos deram origem a um olhar diferenciado em relação à linguagem. Através do ponto de vista do discurso, a linguagem passou a ser observada a partir da Análise de Discurso. 

Análise de Discurso não se refere apenas a língua ou a gramática, mas se atem tão somente ao discurso. Por sua vez, discurso pode ser compreendido como prática da linguagem e prática social. No entanto, vale lembrar que a linguagem é a base do discurso. Desta forma, a concepção da Lingüística, proveniente dos estudos de Ferdinand Saussure se torna necessária à compreensão.

Podemos ainda assinalar que a Análise de Discurso, surge a partir da confluência de três regiões do conhecimento: Psicanálise, Lingüística, já citada, e Marxismo. A análise de discurso considera a historicidade, esquecida pela Lingüística; trabalha a ideologia pela Psicanálise, como algo relacionado ao inconsciente, sem que este o absorva; e questiona o Materialismo Histórico, no que diz respeito ao resgate do simbólico.
Em linhas gerais, a AD se trata de um novo recorte ao que se refere à língua e discurso. Não existe discurso distanciado da Lingüística, ao passo que a Lingüística, sobretudo no aspecto da língua, não é fechada em si mesma. Antes, porém, é condição de possibilidade do discurso.

Capítulo 2 - Sujeito, História, Linguagem

Um texto pode ser observado de acordo com três níveis de entendimento: inteligibilidade ( sentido literal), interpretação ( hermenêutica) e compreensão (sentido atribuído ao sistema simbólico). Este é o modo de entendimento referente à Análise de Discurso.

Análise de Discurso tem como finalidade compreender a forma na qual um objeto simbólico produz sentido, como se dá a sua significância para e por sujeitos. Tendo em vista esta finalidade, produzem-se novas práticas de leitura a partir dos gestos de interpretação relacionados ao sujeito e sentido, contidos no texto.
Antes que passemos aos gestos de interpretação referentes ao texto, se torna essencial ter a compreensão que as relações textuais são reflexos das relações sociais.

Condições de Produção e Interdiscurso

Condições de produção equivalem-se aos sujeitos e a situação. O interdiscurso, por sua vez, se refere à memória.
O contexto sócio-histórico e ideológico atrelado ao conjunto de formulações feitas e já esquecidas determina o sujeito. Todo dizer se encontra na confluência do que já foi dito, como que está se dizendo.  As palavras ditas hoje, já foram ditas outras vezes, a diferença está na resignificação. Portanto o esquecimento é parte da constituição dos sujeitos e dos sentidos.

Paráfrase e Polissemia

O funcionamento da língua funciona na tensão entre processos parafrásticos e processos polissêmicos. A paráfrase corresponde à produção de diferentes formulações do mesmo dizer ao passo que a polissemia (vários significados, diversos sentidos) é a ruptura do processo de significação. Todo discurso se faz na relação entre o mesmo e o diferente. É importante ressaltar que o discurso é polissêmico porque ele é formado por partes de outros discursos ( interdiscursividade e intertextualidade). A ideologia, que é o processo que faz com que o sujeito ao significar, se signifique, perpassa as relações de sentido entre o discurso e os sujeitos.

Relações de Força, Relações de Sentidos, Antecipação: Formações Imaginárias

As condições de produção do discurso funcionam de acordo com alguns fatores, a saber: relações de sentido, antecipação, relações de força e formação imaginária.
Relações de sentidos quer dizer que nenhum discurso existe sozinho. O discurso se relaciona com outros, e destas relações se originam os sentidos. Por outro lado, segundo a antecipação, um sujeito tem a capacidade de colocar-se no lugar em que seu interlocutor “ouça” suas palavras. O sujeito dirá de uma forma, ou de outra, segundo as expectativas, no que diz respeito, ao efeito que pensa estar produzindo em seu ouvinte.
E temos ainda a relação de forças, que corresponde ao lugar no qual o sujeito está falando. As relações de força são sustentadas no poder dos diferentes lugares existentes na sociedade. Por fim temos as imagens, que constituem as diferentes posições. Isto se dá a partir do momento que o discurso não é considerado empiricamente, mas sim, enquanto posição discursiva constituída pelas formações imaginárias.

Formação Discursiva

O sentido não existe em si mesmo, ele é determinado pelas posições ideológicas colocadas em jogo no processo sócio-histórico em que as palavras são produzidas. A partir disto iremos definir o conceito de formação discursiva, pois através dela podemos compreender o processo de produção dos sentidos, e a sua relação com a ideologia.

Formação discursiva pode ser considerada como o que determina o que pode e deve ser dito. Por meio de uma posição dada em um conjunto sócio-histórico dado, a formação discursiva pode ser analisada.

Ideologia e Sujeito

Na Análise de Discurso se tem a resignificação da ideologia, tendo em vista a linguagem. Sendo assim, considera-se a definição discursiva da ideologia.
Não há sentido sem interpretação, e este já é um fato que atesta a presença da Ideologia. A ideologia pode ser vista como a condição para que a constituição do sujeito e dos sentidos produza o dizer.

O Sujeito e sua Forma Histórica

Assujeitamento é a capacidade de liberdade sem limites e de uma submissão se falhas, é dizer tudo contanto que se submeta à língua, para sabê-la. A forma-sujeito histórico corresponde à sociedade atual, onde existe a contradição do sujeito livre e submisso, ao mesmo tempo.
O assujeitamento se faz de modo a que o discurso apareça como instrumento do pensamento em reflexo da realidade.

Incompletude: Movimento, Deslocamento e Ruptura

A condição da linguagem é a incompletude. Nem sentidos, nem sujeitos estão completos. O processo de significação é aberto, ele se constitui por meio da falta, do movimento. A falta também é o lugar do possível.
Como já foi citado anteriormente, o interdiscurso (memória discursiva) sustenta o dizer em uma estratificação e constrói uma história de sentidos.

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