Na última quarta-feira (11 de maio) a Folha de São Paulo Online divulgou uma matéria a respeito de índios que estariam questionando rituais de passagem tendo em vista os seus conhecimentos sobre a ‘cidade’, via facebook.
Durante uma conversa com meus colegas jornalistas sobre o tema, aliás, coisa que adoramos conversar, me ocorreu, o seguinte: E os nossos ritos? Não seriam tão, ou até mesmo, mais bárbaros, do que esses, que os índios do Xingu estariam questionando?
Não quero entrar no mérito se estão certos, ou que a antropóloga citada na matéria está errada, ou ainda, que eles são, ou deixaram de ser índios porque entram na internet. Quero apenas dizer que nós temos os nossos próprios rituais de passagem, e que eles não perdoam absolutamente ninguém.
De acordo com a Enciclopédia Livre, vulgo, Wikipédia, ritual de passagem são celebrações que marcam a mudança de status de uma pessoa no seio de sua comunidade. Este termo, cunhado pela antropologia, tem sido utilizado comumente em relação aos rituais realizados em longínquas tribos: do Amazonas à Papua- Nova Guiné.
O engraçado é que nos colocamos muito superior a isso tudo. O jornalista da referida matéria frisa o teor perigoso do tal ritual, demonstrando como os jovens índios querem ser como nós. Mas te digo uma coisa: Eles deveriam ao menos pensar um pouco mais na decisão de querer ser iguais aos ‘brancos’. Quer vê só?
Vitão, papai e mamãe: UMA FAMÍLIA PERFEITAMENTE BRASILEIRA
Após 2 meses ... (Vitão agora tem 18 anos)
Papai: E quando vai ser a prova? Você está estudando, não é mesmo? Vitão: Não pai ... Papai: Não? Porque não? Eu não tô pagando pré-vestibular à toa não, hein? Vitão: Eu ainda estou em dúvida, estive pensando em fazer Publicidade ou Cinema em outro estado... Papai: Você é louco? Aonde você quer chegar com isso tudo? Você acha que dinheiro nasce de árvore, é?
3 meses se passaram...
Papai: Filhão, hoje é dia de prova, neh? Tô vendo aqui na TV. Vitão: É sim pai, mas não me inscrevi neste vestibular não. Tô em dúvida no curso que quero. Prefiro esperar mais um ano. Vou fazer mais testes vocacionais. Papai: Você pode até esperar, mas espera sentado. Eu é que não pago mais pré-vestibular. Se não quer estudar, arruma logo um emprego. Eu é que não sustendo marmanjo na minha casa, não. Na tua idade eu já era adulto. Tinha mulher e trabalhava! Vitão: É? ... Pode deixar, eu vou sair pra procurar emprego.
Mais 3 meses ...
Papai: Mais esse menino só dá desgosto mesmo. É só na frente do computador, dia e noite. O que tanto ele faz lá? E o trabalho que é bom, eu não tô vendo! Vitão: Pai, o que eu vou fazer? Não dão emprego pra qualquer um, não! Precisa de qualificação! Papai: Se você estivesse estudando Direito, emprego não te faltaria, mas ....
1 mês depois
Mamãe: Filho, tô te achando tão estranho. E a namoradinha? Você não tem, não? Tá na hora de chama - lá pra vir aqui em casa, almoçar com a gente! Vitão: MÃE, quem é a garota que vai me dá moral? Desempregado, sem dinheiro, sem carro, sem faculdade, sem beleza. Resumindo, eu sou um Zé ninguém :/
Se passam 5 meses
Vitão: Mããaae. Eu consegui ! Mamãe: Uma namorada? Vitão: Pow mãe, isso não, neh? Eu tô trabalhando na CEMAR. Fico no call center, meu turno é das 12:00h às 6:00h. Mamãe: Que horário é esse, filho? Vitão: Pow mãe! É o que deu ....
1 semana depois
(Pedrão está morto de cansaço. Infelizmente. Não conseguiu nem dialogar com o seu próprio pai) Papai: Que isso Victor? Mal começou a trabalhar e já ta nessa moleza? Ah, desse jeito eu desisto. Além de não querer estudar, também não quer trabalhar! Na minha época não era assim ....
6 meses se passaram ...
Vitão: PAAAI! Passei! Papai: Passou aonde? Tu foi ao Matheus pra tua mãe, foi? Vitão: Não pow! Passei no vestibular! Papai : Filho, que coisa boa ! Pensei que fosse ficar nessa pasmaceira por mais 1 ano ! Qual curso, filho? Vitão: Pai, vou fazer História na UEMA! Papai: História? Na UEMA? Mas tu quer vida mansa mesmo. Pensei que fosse um curso sério. Pelo amor de Deus, agora eu desisto de ti mesmo!
Pedrão animado grita pela mãe também: MÃAAAE ! Ele precisa lhe contar uma grande novidade: Conheci uma garota no dia da prova, ela é linda, independente. Tem um carrão, e ainda é muito, mas muito mesmo inteligente. Mamãe: Nossa, filho, quem é essa princesa? Vitão sorridente diz: É uma das professoras do curso! Mamãe não pôde responder a tempo. A decepção foi tanta que sofreu um forte ataque cardíaco. Neste momento se encontra no Hospital das Clínicas.
E ainda queremos falar dos índios. Os ritos de passagem da nossa sociedade são, ou não são cruéis?

