Olá!
Caro leitor, este post se refere a um trabalho bem interessante, sobre análise de Imagens FotoJornalísticas.
Este foi um exercício proposto pelo professor durante a disciplina de Teoria da Imagem.
Peço encarecidamente, que os colegas, que por ventura tenham que fazer este mesmo trabalho, não copiem o que aqui está. O meu objetivo é compartilhar o conhecimento, incentivando todos a fazerem o melhor por suas vidas acadêmicas.
Aproveite :)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
COMUNICAÇÃO SOCIAL - JORNALISMO
TEORIA DA IMAGEM
PROF. M*
ESTUDO COMPARADO ( Imagem 1)
• Jornal/Revista: O Globo Online
• Título: Polícia apreende 49 granadas no Complexo do Alemão
• Legenda da fotografia: Policiais revistam quem entra e sai do Complexo do Alemão pela manhã
• Data da publicação: 30/11/2010
ESTUDO COMPARADO ( Imagem 2)
• Jornal/Revista: Jornal do Brasil Online
• Título: Faltou inteligência?
• Legenda da fotografia: Veículo é consumido pelas chmas na Avenida Paulo de Frontin, no Rio Comprido.
• Data da publicação: 30/11/2010
Análise das Imagens
A primeira imagem tem o seu foco voltado ao elemento humano. É uma imagem que retrata o ser humano em seu meio, neste caso, o Complexo do Alemão. O enquadramento feito pelo fotógrafo tende ao mesmo ângulo que está localizado os elementos da imagem, a saber: três policiais e duas pessoas que estão sendo revistadas por eles. Outro ponto a ser percebido é a valorização de um destes três policiais , localizado ao centro, e revistando a bolsa de uma das pessoas envolvidas nesta cena, uma mulher.
Ao fundo da imagem é possível perceber o “vai-vem” das pessoas pelo morro, mas de uma forma não nítida. É importante ressaltar que a referida foto está no formato de um retângulo horizontal. Tendo em vista que esta orientação favorece o conjunto de pessoas , o fotógrafo tentou captar este conjunto humano : os policias e as pessoas da comunidade.
Nesta imagem existe a predominância de linhas retas e verticais, ocasionando uma espécie de hierarquia observada na composição dos elementos da cena. É possível perceber que estas linhas retas e verticais valorizam os policiais , os colocando um pouco acima das pessoas. Sem dúvidas esta é uma maneira de expor a força dos policiais, enquanto protetores das pessoas da comunidade .
Outro aspecto que iremos abordar é a orientação do movimento das figuras. O elemento principal da imagem está voltado para direita, neste sentido, compreendemos que a imagem está direcionada da esquerda pra direita. Este movimento diz respeito ao conceito de progresso para o homem ocidental. Desta forma, mais uma vez podemos considerar a valorização da imagem do policial , transparecendo a idéia que esta ação é uma melhoria para sociedade.
E nos voltando agora para as cores predominantes, observamos o destaque para cor verde musgo contrastado com cores na escala do cinza, que fica ao fundo dos elementos principais do enquadramento. O cinza, representativo da idéia de isolamento tem a função de voltar os olhares para o elemento humano presente na cena, enquanto o verde musgo fixa o conceito do policial em meio a favela. O verde musgo, cor representativa do uniforme do exército, nos remete a simbologia de força, proteção, e por fim, guerra.
A seguir iremos descrever os aspectos envolvidos na composição da segunda imagem.
A segunda imagem retrata a cena de um carro incendiado, localizado no meio de uma Avenida, no caso, a Avenida Paulo de Frontin. O foco desta fotografia é o próprio carro, que se constitui elemento principal, localizado ao centro do enquadramento. Esta é uma imagem muito forte, devido às cores predominantes. A cor vermelha e laranja abrangem todo o corpo da imagem, demonstrando as idéias de fogo,calor, agressividade, violência, intensidade. De certo esta composição de cores está intimamente relacionada com a idéia que a foto em si quis passar: o incêndio de carros é uma ação que beira o caos.
Outro aspecto que poderíamos ressaltar da referida fotografia é o ponto de vista do fotógrafo em relação ao instante capturado. Percebemos um leve contra-mergulho, pois se pode notar que o chão em relação ao carro está em perspectiva, transmitindo a noção de profundidade. Desta forma, este enquadramento escolhido pelo fotógrafo valoriza o carro, proporcionado dimensões superiores em relação aos outros elementos da cena . Pois, apesar do carro ser o elemento em destaque, a abertura do plano médio, presente na imagem, nos permite identificar o meio em que a cena foi registrada. Podemos observar a rua, pessoas à direita, postes de luz. Sendo assim, identificamos o contexto no qual este momento foi fotografado.
Ao observarmos a linhas predominantes, temos a certeza que as linhas retas permeiam todo o corpo da imagem, mas são retas verticais , horizontais, e oblíquas. Ao fundo estão localizadas as retas verticais, ao lado, em perspectiva estão as retas oblíquas, e na base da foto estão as retas horizontais. Esta composição de retas demonstra um ambiente desorganizado. E nos remetendo novamente ao elemento principal, o carro, observamos que a sua orientação parte da direita para esquerda, nos permitindo a idéia de retrocesso, atraso. Mais uma vez, os aspectos denotativos da imagem nos direcionam a um significado conotativo, neste caso, a idéia expressa de que a foto, juntamente, com a matéria, critica a situação descontrolada vivida pela cidade do Rio de Janeiro.
Neste sentido passemos a comparação das duas imagens descritas acima.
Um primeiro aspecto a ser abordado seria e escolha do elemento principal das imagens. Enquanto a imagem 1 volta o seu olhar para o elemento humano e constrói a sua rede de significados a partir dela, a imagem 2 centra o seu foco no elemento carro. Desta forma, concluímos que as intenções das duas fotografias são totalmente diferentes. Ao passo que a imagem 1 nos permite a idéia da supremacia de policiais, na figura de protetores e defensores da favela, a imagem 2 revela a crítica ao caos vivido pelo Rio de Janeiro, por parte do desleixo da Secretária de Segurança que permitiu que a situação de guerra de estabelecesse na cidade.
Ainda centrados no foco das respectivas fotografias, na primeira imagem, os elementos da cena se orientam da esquerda da direita, transmitindo a idéia de avanço, de evolução, remontado o conceito de que os policiais presentes na favela são como heróis na luta contra o tráfico de drogas. Já a segunda imagem o carro está disposto da direita para a esquerda, revelando a crítica ao caos no Rio, a insuficiência de ação da Secretaria Estadual de Segurança, que de alguma forma permitiu a guerra de policiais versus traficantes.
Agora, voltando os olhares para as cores predominantes, observa-se claramente a intenção da primeira imagem em dá o recado de que “está tudo sob controle” . As cores que vão do cinza ao verde musgo demonstram sobriedade, seriedade, até mesmo naturalidade. Como se a situação estivesse organizada, em segurança total. Enquanto a segunda imagem, reforça a idéia de descontrole, desespero, caos, desordem, através da intensa cor vermelha, que permeia todo o corpo da fotografia.
Deste modo, observamos o nítido contraste de intenções presentes nas respectivas imagens. Isto deve-se a diferença das linhas editorias do veículos analisados.
A primeira imagem foi retirada do O Globo online, jornal do Rio de Janeiro, e pertencente ao grupo Globo.
Sabemos que a Rede Globo de Televisão e todos os seus produtos midiáticos assumiram uma postura a favor da guerra contra o tráfico, enaltecendo a ações da Secretária Estadual de Segurança do Rio de Janeiro no combate contra o crime organizado. Esta posição disseminada nos telejornais, jornais impressos e online, revistas de opinião reforçam diariamente a figura do poder público como o grande herói da guerra contra o tráfico. Conforme esta idéia é valorizada por boa parte dos noticiosos, a proposta das UPPs é fortalecida e ganha reconhecimento da população. O governo do Estado do Rio se fixa como grande gestor e defensor da paz na cidade do Rio de Janeiro.
Em contrapartida a segunda imagem foi retirada do Jornal do Brasil, atualmente disponível apenas no formato digital, que aborda a guerra do Rio de Janeiro de uma forma totalmente diferenciada.
É sabido que o Jornal do Brasil desde o seu surgimento traz em si o caráter da crítica, levantando questionamentos interessantes para compreensão dos fatos em destaque nos demais meios de comunicação. E neste caso não foi diferente. Adotando uma postura crítica, o Jornal do Brasil tem levado à tona o outro lado da história a respeito da guerra ao tráfico, questionando o poder público sobre as medidas preventivas que poderiam ser tomadas para que o caos não viesse a ser realidade na cidade do Rio de Janeiro.
A imagem 2 refere-se a uma notícia que questiona o fato de que os incêndios de carros seriam indícios da ineficiência da Secretária de Segurança, e não somente sinais de protestos dos traficantes.
Enfim, podemos perceber o quanto uma imagem pode revelar aspectos importantes para interpretação do contexto em que a notícia foi retirada, e de qual enfoque está notícia está nos direcionando. O conjunto notícia, título, legenda da foto e a própria conota uma série de significados e particularidades que demonstram a postura assumida pela linha editorial do meio de comunicação em questão. Logo, a análise e a observação se tornam imprescindíveis para se obter uma boa compreensão da mensagem veiculada.